Imbuira

A cultura do UMBU que une 3 territórios e transforma a vida do semiárido para melhor

Imbuira - A cultura do UMBU que une 3 territórios e transforma a vida do semiárido para melhor

4 Forças unidas

Sendo composto pelas comunidades de: Espírito Santo, Grama, Lagoa do Mirante e Salinas, o Subterritório Quatro Forças Unidas está localizado na região do semi-árido do município de Mirante, no sudoeste da Bahia, inserido na caatinga.

História das Comunidades do Subterritório de Quatro Forças Unidas, Município de Mirante – BA

Quando contamos uma História, contamos a partir de um ponto de vista que será reinterpretado e reconstruído em diferentes espaços, por distintas pessoas, dando origem a uma nova História. Assim é a tradição oral, a voz do passado que ecoa e constrói o presente.

As comunidades de tradição oral sustentam sua História por meio da transmissão de saberes a seus descendentes. Essa tradição não funciona apenas como um meio de perpetuação da História, mas também como fonte de resistência às dificuldades postas pela condição ágrafa e pela visão histórica que margeou as pesquisas por um longo tempo: a História vista de cima, com grandes homens realizando enormes feitos, relegando a importância daqueles que contribuíram fortemente para a construção do presente tais como as comunidades tradicionais. Nessa perspectiva, a oralidade possibilita a recuperação das formas de vida, sobretudo, de grupos minoritários, por vezes excluídos e marginalizados.

Tudo começou quando grupos de famílias chegaram à região e se misturaram com aquelas que já habitavam o local. Os primeiros moradores vieram de Brumado, conhecido na época por Bom Jesus dos Meiras, região colonizada pela família Meira, vinda de Portugal ainda no período colonial. A família Meira teve um importante papel nesse processo, sobretudo para abrir novos espaços no Sertão da Ressaca, e formar as fazendas de gado tão expressivas naquela época.

Para todas elas, as dificuldades eram as mesmas em todas as esferas. O transporte era feito por animais ou a pé, a feira era em Bom Jesus da Serra, a 70 km de distância, carregavam a compra na cabeça ou no lombo dos animais. A vestimenta era feita às vezes de saco de pano cru (estopa) e as sandálias eram do couro dos animais; para o remédio usavam as ervas e possuíam uma grande crença em benzedeiras, as mulheres pariam em casa com a ajuda da parteira, tinham em torno de 10 a 19 filhos, que eram alimentados com pirão de sebo de gado, pirão de água ou leite de ovelha. As roças eram pequenas, havia mais árvores e chovia mais, mesmo assim em tempos de seca era muito difícil, pois as mulheres precisavam ir para a fonte de água de madrugada onde esperavam minar; não havia estradas, as casas eram de enchimento cobertas por palhas, as camas feitas de varas e os colchões de junco, sentavam-se em esteiras de palhas ou bancos de madeira feitos por eles mesmos. Os mais velhos sabiam a arte da plantação, do manuseio da palha para a confecção de artefatos como esteiras, chapéus, embornais, cordas, colher de pau, pratos, gamelas.

Conheciam também os sinais da natureza, o jeito de tratar os animais, a forma de armazenamento das sementes nativas enfim todos os saberes milenares que são frutos da miscigenação das diversas culturas (branco, índio, negro) que formaram nosso sertão, sejam na fabricação de um instrumento ou mesmo através das músicas, dos ternos de reis, ladainhas e rezas de terços ou de santos e promessa, ou mesmo na organização em torno de um objetivo comum como os mutirões que eram largamente praticados por essas comunidades.

Aspectos Culturais

Há uma rede de transmissão oral que permite a sobrevivência da história dos grupos envolvidos, existem os mutirões para fazer roças, folia de reis, forró pé-de-serra, caruru de Cosme e Damião, festas de argolinhas e cavalgadas. São exemplos de festividades e religiosidades que marcam o aspecto cultural do subterritório Quatro Forças Unidas. A responsabilidade pelos festejos como a Folia de Reis geralmente fica a cargo das pessoas mais idosas. Os jovens preferem festas como as juninas ou o lazer, no caso o futebol. As datas festivas como o São João e o Natal reforçam os laços familiares com a chegada das pessoas que residem em outros Estados.


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